Desafios dos operadores de banda larga móvel
A internet móvel está originando uma nova revolução tecnológica. A totalidade de agentes envolvidos no setor das telecomunicações, meios de comunicação, e a indústria tecnológica em geral estão trabalhando para capturar as oportunidades que esta nova realidade oferece.
Para “monetizar” esta oportunidade ainda em fase embrionária, as operadoras estão adequando na atualidade sua proposta de valor ao mercado.
Estamos vivendo alianças e associações estratégicas com fabricantes, desenvolvedores de serviços, ou aplicações e conteúdos, assim como um maior esforço por entender melhor as necessidades dos clientes, criando colaborações para cobrir sua demanda e personalizando os preços ao uso real dos serviços.
Os operadores móveis, que atualmente começam a ser encontrados em muitas regiões do mundo com os mercados saturados, enfrentam esse desafio como uma nova oportunidade para seguir crescendo.
Ao longo deste documento, se descreve a situação atual da banda larga, se analisam as tendências e os cenários de evolução que os principais agentes estão considerando para adaptar-se a este novo ambiente, para finalmente nos centrar nos desafios que as operadoras devem enfrentar para liderar este novo ciclo tecnológico.
O uso de Internet móvel é mais que uma realidade. Apesar de sua curta história, sua velocidade de crescimento está sendo superior ao crescimento que houve para “internet desktop”.
Já em 2001 as grandes Operadoras viram a oportunidade que previa a banda larga móvel e mediante duros leilões, competiram pela obtenção das licenças que permitissem operar sob a tecnologia 3G. Porém, não puderam cobrir as expectativas criadas. O mercado ainda não estava preparado para este novo ciclo tecnológico. Os terminais não eram suficientemente avançados, não existia uma oferta de conteúdos e aplicações adequada, ou seja, a era da Internet e seu modelo de negócio eram ainda precoces.
O impulso definitivo na corrida pela banda larga móvel, veio das mãos da Apple quando em 2007 introduziu o iPhone, transformando a forma de conectar-se à internet através do móvel.
Igualmente já ocorreu com a chegada da Internet às casas de famílias, este novo conceito não é somente um novo serviço a oferecer pelas Operadoras aos clientes, mas que representa um novo ciclo que aspira transformar a maneira como funcionam as comunicações, como se distribuem as notícias e entretenimentos, como os bens e serviços são comprados, e tudo isso controlado por um terminal que levamos no bolso a todo o momento.
Quais são as alavancas sobre as quais se impulsiona este crescimento?
Tecnologia
Segundo um informe publicado pelo Morgan Stanley em dezembro de 2009, a penetração global da tecnologia 3G alcançará os 20% da população mundial durante o ano de 2010 e se estima que para 2014 já terá alcançado os 43% da mesma. Por regiões a estimação ao final de 2010 é que no Japão a penetração 3G alcance 96%, nos Estados Unidos 46% e na Europa 54%.
Aplicações / Serviços / Conteúdos
Talvez o ponto chave para a convergência da tecnologia com os terminais tenha sido a evolução destes serviços. Os consumidores móveis estão adotando novas aplicações web na maior velocidade da história. A possibilidade de conectar-se 24x7 às redes sociais, a notícias e rádios on-line, buscas no Google, vídeos, chamadas por VoiP, estão ampliando o tempo que os usuários dedicam a conectar-se à Internet através de seus terminais.
Terminais
Os famosos smartphones facilitaram o impulso necessário para melhorar a experiência do usuário no uso da Internet e suas aplicações. Estes dispositivos se encontram continuamente em contato com o cliente, têm uma alta capacidade de processamento equivalente aos computadores de faz oito anos, sempre estão conectados à Internet através de 3G ou Wi-Fi. Estes terminais têm uma cota de mercado de 52% no Japão e de 25% e 23% nos Estados Unidos e Europa, respectivamente. E não somente de smartphones se alimenta o panorama de Internet móvel. Também os e-books e notebooks com conexão à rede, estão proliferando em uma grande velocidade.
Reguladores
Não se pode descrever a evolução da banda larga móvel sem mencionar a função dos órgãos reguladores. Para favorecer o mercado, deverão posicionar-se sobre os seguintes temas:
- Acesso ao espectro necessário para a prestação do serviço.
- Atribuição de licenças a preços razoáveis.
- Potencializar e fomentar a distribuição de redes atuais.
- Fixar obrigações de cobertura da provisão do serviço.
- Desenvolvimento de políticas que favoreçam a inovação e o desenvolvimento de novos serviços/aplicações.
Estas alavancas são desenvolvidas pelos distintos agentes que intervêm na cadeia de valor de Internet Móvel (provedores de conteúdos, operadoras, fabricantes e usuários), cada um deles fornecendo valor adicional à cadeia.
Qual é a cadeia de valor que intervém no processo?
Cada um dos agentes tem uma posição dentro da cadeia de valor, no entanto não parece possível tratar de incluir a totalidade da mesma de maneira individual pelo qual o caminho a seguir deverá basear-se em alcançar acordos e alianças win - win entre os distintos players do mercado.
Neste sentido, e partindo de uma cadeia de valor geral, foram identificados os seguintes cenários cujo detalhe se mostra a seguir.
Terminais
Sem dúvida, a progressiva popularização dos terminais inteligentes (smartphones, tablets...) será o fator determinante na reconstrução do atual mapa de provedores.
A “experiência de usuário”, que fornece esta nova geração de terminais fruto da combinação de seus sistemas operativos, o hardware do próprio terminal, e as funcionalidades que permitem abrigar graças à incipiente indústria de conteúdos, estão permitindo consolidar os usuários em verdadeiros agentes econômicos geradores de receitas diretas (por vendas/faturamento) e indiretos (por receitas de publicidade).
Neste contexto, os fabricantes avançarão em três direções:
- Alcançar a oferta vencedora hardware/Sistema Operacional que permita capturar o máximo de usuários e convencer o máximo de provedores de conteúdos para que se incorporem a sua proposta de valor.
- Alcançar paulatinamente a “democratização” do custo dos “terminais inteligentes” para incluir o máximo do mercado potencial ainda não atendido pela barreira que atualmente representam os preços dos mesmos.
- Abordar o negócio do restante da gama (média/baixa) de terminais com um enfoque de “preço” cada vez mais ajustado onde as economias de alcance e os custos de produção desempenhem um papel fundamental como principal fator chave de sucesso.
Prestadores de serviço - Operadores
A entrada de novos competidores com capacidade de "pular" para a Operadora na prestação de serviços/conteúdos para os clientes finais, está causando um processo de transformação neles, pra não ser realizada em função de puro commodity. Ter acesso a ambas as partes do mercado que são vistos como parte essencial deste negócio (vendas diretas para uso / download de clientes e as receitas de publicidade).
Neste novo paradigma, as Operadoras têm uma grande vantagem sobre os quais eles podem aproveitar para colocar valor de maneira individual ou através de parcerias com os outros agentes: elas são as proprietárias da rede e, portanto, responsáveis por fornecer conectividade banda larga, com uma cobertura praticamente universal, e contato direto com os clientes.
Aspectos como sistemas de faturamento, que permitem que qualquer compra de conteúdos, serviços ou aplicativos de terceiros podem ser cobrados ao cliente através da fatura; a capacidade de aplicar modelos de inteligência para o uso das redes (ou seja, M2M); ou a possibilidade de evolução para serviços de rede com qualidade diferenciada-para o que teria que superar o debate sobre a neutralidade da rede – permitem abordar novos cenários de aumento de fontes de negócios.
No entanto, será necessário abordar também as políticas de incremento nos custos que permitam/suportam as taxas de retorno esperadas em um negócio que vai exigir grandes investimentos para apoiar as competências requeridas pela nova demanda, juntamente com uma redução na rentabilidade do mesmo pelo significativo aumento dos níveis de competição.
Fornecedores de infraestruturas
A situação atual e as tendências previstas do mercado parecem confirmar a hipótese de que os novos fornecedores asiáticos vão liderar o mercado de equipamentos de telecomunicações móveis, apoiados por sua vantagem competitiva em custos, seus acessos a maiores economias de escala e sua progressiva equiparação em níveis de qualidade oferecidos a preços extremamente competitivos.
Neste contexto, os provedores tradicionais deram continuar a redefinir seus modelos de negócio, investindo em inovação e mantendo a liderança tecnológica, com a verticalização da sua proposta de valor (atendimento especializado, prestação de serviços de terceirização da manutenção e operação de redes das operadoras, etc.).
Produção de Conteúdo e Aplicativos
Eles são, sem dúvida, a peça chave para o correto desenvolvimento da banda larga móvel. Na presente data conseguiram eliminar o uso "livre total" da Internet, e têm transformado os usuários de terminais em verdadeiros agentes econômicos que geram receitas diretas pelas vendas e indiretas pela publicidade.
Ao longo dos próximos anos serão encarregados de dar utilidade ao arsenal tecnológico atualmente disponível para os usuários, e em grande parte subutilizados inicialmente na oferta atualmente criada, projetada (mesmo que "inventada") para o canal.
Com a gradual maturidade dos mesmos, parece claro que o usuário ampliará o uso do canal móvel, tanto em quantidade (tempo dedicado ao dia) e qualidade (gama de utilização: entretenimento, informação, trabalho, consulta, comunicação, etc.).
Neste contexto, o potencial de inovação ligado às novas possibilidades oferecidas pela tecnologia disponível atualmente (ou seja, velocidades de transmissão, possibilidades de geolocalização...) oferece um vislumbre de um enorme potencial de crescimento alavancado nos altos volumes de negócios (vendas e publicidade) que são esperados nos próximos anos (e, sem dúvida, passarão a ser a parte mais relevante dos volumes de negócios gerados por banda larga móvel durante este período).
Que aspectos chave devem enfrentar uma Operadora frente a esta situação?
A chegada da Banda Larga Móvel está representando a criação de um novo motor de crescimento na sociedade da informação, apoiada por um volume de negócios (faturamento por vendas e publicidade), que mostram crescimentos superiores a dois dígitos nos próximos cinco anos. No entanto, a maior parte dessas receitas vem do valor acrescentado existente no uso de banda larga móvel (e não ao acesso a ele). Na presente data, esse valor agregado está principalmente sendo oferecido por outros players na cadeia de valor.
Neste contexto, para que as operadoras possam se fazer com uma parte deste mercado, deverão:
- Alcançar capturar "o uso" do canal, ou seja, ter "tempo de navegação de clientes associado com a sua marca”.
- Atingir rentabilizar esse "uso" de forma eficaz, tanto por meio de vendas diretas para os próprios clientes, como pela posta em valor do "tempo de navegação" através da venda de publicidade para os anunciantes.
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